"... Ela está sempre tão dentro dela mesma que qualquer coisa que faça não é nem certa nem errada, é simplesmente o que ela podia fazer." (Caio Fernando Abreu)
domingo, 14 de novembro de 2010
Tudo passou, mudou!
O que fazer quando o enjôo bate? Quando você enjoa de algo que você costumava fazer, por muito tempo, e que gostava tanto. Então, de repente, bate aquela má vontade. Aliás, bate a não vontade - você nem tem mais estiga para entrar naquele site, falar com aquela pessoa ou fazer tal coisa. Mas, você lembra, melancólico, como antes as coisas eram diferentes. Era tão bom escrever ali, criar novos textos, novos mundos. Era tão gostoso conversar com aquela pessoa, contar tuas histórias, ouvir as dela, discutir teorias loucas, gostos, música e afins. Como isso acontece? Porque as pessoas deixam de fazer as coisas que gostam/gostavam?
Enjôo. Cansaço. Passou. Fase nova, vamos lá. Será que é isso que está acontecendo comigo? Penso que seja. Afinal, minha "adolescência" acabou quando tornei-me 'adulta' e fiz dezoito anos. Não sei que nóia é essa de todo mundo achar que não está crescendo, não está mudando. É claro que estamos mudando! O tempo inteiro somos diferentes do tempo que acabou de passar. Um minuto atrás, éramos alguém, e agora somos diferentes! É claro que não podemos mudar uma pessoa por completo em apenas dois minutos - mas não é a união desses pequenos minutos "nos mudando" o tempo inteiro que, no final, nos faz mudar de atitude? Nos faz envelhecer? Nos faz tornarmos pessoas melhores ou piores? Cada minuto conta. Cada minuto muda.
E eu me sinto diferente. Eu me vejo hoje diferente da garotinha de 15 anos que escrevia continhos bonitinhos, encantando os olhos adolescentes das pessoas que me liam. Tudo ali era eu, descobrindo um mundo novo, cheio de sentimento, magia e narração. Hoje eu sei que não sou mais isso tudo - porque tudo fez parte de um processo de crescimento. E agora, ao entrar aqui novamente, sinto que viajo no tempo e volto aos meus 15 anos. Só que sem a estiga, sem a narrativa pulsando do meu coração, sem toda aquela magia que era do começo. Tudo era muito bom, demais, lindo, maravilhoso naquela época. Só que passou.
Não sei se posso dizer que cansei. Não sei se quero um dia deixar de escrever. É assim que melhor me expresso, e não sei outro modo qual eu possa mudar. Talvez o mundo me faça mudar, e eu me adapte a uma nova maneira de expressar idéias. De contar histórias. Talvez. Mas, quem garante que o passa-passa de informação vai acabar? E eu espero, com toda força do meu coração, estar no meio desse "passa-passa", passando, transmitindo, interagindo e comunicando a todas as pessoas do país em que eu estiver.
Isso tá muito revoltante, eu sei. Esse blog já passou do climazinho amorzinho que ele tinha antes. Agora, eu mudei. E ele vai ficar aqui, como uma boa lembrança do que eu era. Não sei se é porque meu curso está para começar - AMÉM SENHOR! - ou se posso um dia, quem sabe, voltar. Mas, não vou fazer como fiz com as minhas piores lembranças da adolescência negra, e sair apagando tudo com vergonha de mostrar. Deixa ele aqui. No "sótão", como vi em Toy Story 3. É um lugar quentinho, reservado, e especial. Para quando, a qualquer momento que eu quiser fazer uma viagem no tempo, eu vou lá. E aí, não sei se volto. Mas, se voltar, com certeza vai ser diferente.
Porque, o tempo todo, estamos mudando. E eu não vou ser a rabugenta de dizer que eu também não estou diferente.
Bom, pelo menos agora vocês podem ficar tranquilos porque esse é um adeus definitivo!
(Ou não)
Beijo de fim de semana
No começo, não faz muito sentido. Não parece certo. Certo? Não, não é esse o termo. Comum. Igual a tudo que você sempre fez. Não parece certo só porque não é do seu costume que isso aconteça. Mas coisas acontecem - coisas que você não espera. E só depois que a noite passa, depois de ir embora e acordar, no outro dia - só depois de tomar banho, almoçar, voltar para casa e deitar na cama para dormir que você percebe que os resquícios ficaram para você. E eles vão te perturbar pelo resto da semana. Então, aconteceu. Por tão pouco tempo - e tão solto. Amizade colorida. Nada de paixão ardente, desejo incontrolável - nada de jogar na parede, pressionar um corpo contra o outro, essa pressa pelo sexo. Nada. Também não teve aquele amor ardente, duas almas e corpos se encontrando, em perfeita sintonia, que tanta gente comenta. Nem isso. Foi apenas um beijo. Carinhoso, gostoso, devagar. Com mão no rosto e segurando pela cintura. Suavemente, a cabeça deitada pra um lado. Só. Um beijo de fim de festa, para fechar com chave de... hmm... Bronze? Não, prata, talvez. É. Chave de Prata. E no final, telefone dado. Nem sei pra quê fui inventar de dar meu telefone. Sabe aquela vontade de que a pessoa ligue no outro dia? Não precisa ser necessariamente no outro dia - mas, sei lá, no fim de semana. Na sexta - Ei, vai fazer alguma coisa esse fim de semana? Tá afim de sair? - qualquer coisa assim. Essa esperança que vai crescendo, tomando forma. E o pensamento, que não deixa, não vai embora. E quando mistura pensamento com esperança? Você - crente, estúpida - acha que, quanto mais pensar, de algum modo, seu pensamento vai sair da sua cabeça e ir pra roda gigante do mundo e trazer aquela pessoa para você. Nem que fosse, sei lá, por uma tarde na universidade. Mais um fim de semana, com o beijo de fim de festa. Você acredita que se forçar seu pensamento por, sei lá, duas horas por dia, ela vai ligar amanhã às 19h. Ou vai ligar na sexta de noite, saber se você vai sair - Poxa, meu aniversário, vamos comemorar? Você imagina, contida, sem querer se iludir, se comprometer antes do concreto aparecer. E, mesmo assim, tenta evitar, tenta fugir. Mas é inevitável. De repente, você se pega pensando na mão no seu rosto, e você segurando a cintura... É tão estranho quando coisas assim acontecem - de repente você se põe na mão da outra pessoa, mesmo sem ela estar nem aí para você. Quem sabe se ela está ou não? Esse é o mistério pior de todos. Você procura entender cientificamente - entende que o mistério por trás de qualquer coisa, isso de não saber, ou de querer saber o que está escondido, libera hormônios no seu cérebro, fazendo você se sentir, no mínimo, com desejo sexual. (E você também lê que começa daí o negócio todo que te anda acontecendo por dentro, mas, para você, foi tão simples que nem pareceu um desejo sexual. Mas é, beijo também é sexo). Os dias passam. O fim de semana se cristaliza na sua cabeça. E cada dia que passa, você dá mais uma mão de brilho. Dá mais um beijo, repetindo, continuamente, pequenas cenas na sua cabeça. Mesmo sem saber que a possibilidade daquilo se repetir é 50-50%. Tanto tem, como não tem. E o seu lado pessimista vive dizendo que não... Mas, mesmo assim, você pensa. E acredita que a força desse pensamento vai, de algum modo, fazer-te cruzar com ela por aí. Pelas ruas do centro, pelos corredores do shopping, pelas janelas perdidas de ônibus lotados. Ou que pelo menos ela vá lembrar do seu rosto quando olhar seu nome na sua lista telefônica... E te ligar, na sexta feira - Então, vai fazer o quê? Tá afim de sair? Sim, sim. Claro que estou. Só estava esperando você me chamar.
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