Achei que era amor, mas não... Nunca foi.
Qualquer outro adjetivo se encaixa naquela composição bagunçada de sentimentos, qualquer um, menos amor.
Nunca achei que isso fosse assim tão complicado, oblíquo, obscuro.
Acho que foi tudo tão avassalador, porque eu achava que merecia me dar uma nova chance e jurava para mim que me doaria totalmente para fazer quem estivesse ao meu lado feliz e foi nesse vão de promessas e concepções que tudo aconteceu.
Foi físico, carnal, corpo com corpo, mas o correto seria ser químico, olho no olho, vontades ocultas, saudade absurda - nunca foi, nunca será.
Me permito presenciar isso hoje, tanto tempo após a nossa separação.
Se eu fui feliz? Fui sim, me permiti a felicidade e nesse vão de momentos que passei ao seu lado me permiti apaixonar, mas essa paixão foi única e exclusivamente minha - unilateral.
Mas agora, sendo sincera tanto comigo, quanto contigo, sabe por que lhe perdoei?
Porque eu não fui a única vítima da história, eu não fui a única a ser traída nessa nossa relação, mas eu tive um motivo, talvez um tanto quanto conturbado, um pouco peculiar, mas tive.
Não trai por vingança, trai por me sentir só, abandonada, acoada.
Trai porque por mais que eu tivesse um namorado por quem eu fosse perdidamente apaixonada, ele não correspondia o que se propunha me dizer.
Fui fiel até o momento em que aguentei ficar sozinha à dois, até o momento em que praticamente implorei pelo telefone para vê-lo e ele não quis - unguento definitivo.
Foi um único beijo, não durou nem um minuto, me destruiu e me corroeu, fez todos os meus conceitos e concepções caírem por terra, mas ocorreu.
Eu tinha que falar, desabafar, contar...
Eu, mais do que tudo, tinha de que lhe pedir perdão.