"... Ela está sempre tão dentro dela mesma que qualquer coisa que faça não é nem certa nem errada, é simplesmente o que ela podia fazer." (Caio Fernando Abreu)
sexta-feira, 19 de março de 2010
o bastante
O bastante. O quanto bastante bom você é? Ou bastante mal?
O equilíbrio entre duas forças é o bastante. Bastante para matar, bastante para viver. Bastante para respirar, para sentir o vento balançar seus cabelos, bastante para amar.
Nunca somos o bastante para nada. Já percebeu? Você nunca é o bastante para ter aquele emprego, ou ainda conseguir conquistar aquela garota, ou sequer ter um amigo verdadeiro. Tudo ao seu redor é feito de farsas efêmeras, um futuro tão incerto e tão frágil... e muda a cada segundo. E você não é o bastante para agüentar isso.
Você não é bastante auto-suficiente, sempre depende de alguém ou alguma coisa. É claro que pode viver sozinho, mas não se é feliz. E o que é bastante feliz para se ter uma vida, bem, digamos que digna? O bastante para viver é apenas o fato de respirar? E as conquistas, ficam aonde? Vão para o fundo do poço, morrem e são comidas por vermes, junto com você. E todos os seus sonhos, que foram ou não realizados, se perdem no espaço, em meio a energias de fótons e zeros e uns. Para sempre.
E você termina sem saber se foi realmente o bastante.
O que é bastante importante para você fazer nesse mundo? Qual o bastante para sua presença ser diferente entre todos os outros? Quanto é o bastante para mudar uma vida? O que te faz ser tão igual, qual o bastante para tanta igualdade? Qual o bastante para tanta desigualdade?
O bastante para ser feliz é o mesmo bastante para se ser infeliz. O bastante para sobreviver a um assalto é o bastante para continuar vivo quando se acorda. O bastante para querer é o bastante para lutar por isso. Você não é o bastante para isso! Você não é bastante bom para ter isso, ou aquilo, ou aquele, ou aquela.
Quem é bom o bastante para alguém?
O que é mau o bastante para te matar?
O que cabe em "bastante"? E quanto?
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